Sustentabilidade - O que significa ser um negócio sustentável?

A Underwriters Laboratories Meio Ambiente anunciou a elaboração de uma norma de certificação para a atuação verde de empresas. Conheça como funciona esta norma.

Hoje, eu e meus colegas estamos revelando um projeto de criação de um padrão global de sustentabilidade para negócios. O padrão está sendo desenvolvido em parceria com a UL Meio Ambiente, uma unidade de negócios da Underwriters Laboratories, o organismo de certificação mais conhecido pelo seu onipresente "logo" UL, que tem 115 anos de idade e está associada a garantia de segurança em milhares de produtos.

A UL Meio Ambiente foi criada há 18 meses para checar questões de segurança no ambiente das empresas e para criar padrões confiáveis onde eles são necessários. O foco inicial da UL Meio Ambiente tem sido sobre as normas de produtos. Desde o ano passado, minha equipe tem se empenhado junto com a UL Meio Ambiente para desenvolver e comercializar um padrão de sustentabilidade para as empresas. Ou seja, um padrão ambiental, social e um padrão relacionado à questões de governança corporativa - para ser usado como uma ferramenta de contrato para as empresas e agências governamentais.

O projeto foi apresentado essa semana, na Global Reporting Initiative Annual Conference em Amesterdan, por Marcello Manca, vice-presidente e gerente-geral da UL Meio Ambiente. A norma não será lançada em 2010. A ideia de um padrão de sustentabilidade para ambientes empresarias surgiu em 2003, quando um grupo de representantes de entidades sem fins lucrativos, agências governamentais e companhias de São Francisco se uniram, criando um conselho empresarial para compartilhar as melhores práticas empresariais nas questões de sustentabilidade.

Desse projeto surgiu a necessidade de uma norma - o que significa ser um "negócio sustentável?" Nós não fomos os primeiros a fazer essa pergunta, é claro, mas começou um esforço para descobrir isso. Recebemos um da StopWaste.Org, uma agência do condado de Alameda - Califórnia, para começar a desenvolver uma norma. Cinco pessoas trabalharam durante anos, na elaboração de uma norma parcial. Em 2008, o Greener World Media, empresa que co-fundou o GreenBiz.com, decidiu desenvolver um novo padrão. Nesse mesmo período encontramos o pessoal da UL e tomamos conhecimento que eles estavam planejando uma spin-off, a UL Meio Ambiente. As peças se encaixaram. Bakke, que dirigia os programas de negócios na StopWaste.Org juntou-se ao Greener World Media como diretor de sustentabilidade e liderou o processo de desenvolvimento padrão. Inspirado na obra da equipe original foi desenvolvido então um novo padrão.

A visão de 2003 permanece praticamente intacta, inclusive a nossa ideia original de olhar além do mero "verde" para uma sustentabilidade mais ampla. A nova norma abrange o ambiente, a força de trabalho, o social e o envolvimento da comunidade, governança de clientes e fornecedores. Estamos descrevendo a norma de forma abreviada como "LEED para Empresas" - isto é, um sistema de classificação baseado em pontos com níveis de certificação. Fomos inspirados pelo sucesso do LEED, do Green Building Council, que criou as definições de "edifício verde", onde não havia nenhuma norma. Esses sistemas de classificação foram catalisadores que estimularam o mercado de construção verde. Da mesma forma, acreditamos que este novo padrão e sistema de avaliação ajudarão a definir a sustentabilidade ao nível da empresa e possibilitar o crescimento dos mercados para as empresas certificadas.

Claro, a analogia ao LEED vai longe. O LEED não é perfeito e as empresas não são prédios - eles variam infinitamente, em termos de tamanho, setor, geografia, atividades, cultura, entradas, saídas e as pessoas que interagem com a estrutura todos os dias. Assim, projetar um padrão para as empresas tem sido um desafio complexo. A primeira minuta da norma já foi concluída e um processo robusto de feedback dos interessados está começando. O plano é ter uma versão final pronta para o mercado este ano.

Como eu disse, este será um padrão de contratos e da cadeia de abastecimento - uma ferramenta para as empresas e para a avaliação das companhias com as quais fazemos negócios. Empresas, agências governamentais, universidades e outras entidades decidirão como usá-la, seja para as exigências dos fornecedores, por exemplo, ou formas de se comparar com os concorrentes, ou talvez como um desempate nas solicitações de propostas. Ele está sendo concebido como um padrão global, embora inicialmente será introduzido na América do Norte.
Pretendemos que esta norma seja tanto uma ferramenta de aprendizagem quanto um processo de certificação. Ou seja, um meio das empresas criarem referências sobre as medidas de sustentabilidade e identificarem as medidas específicas que devem ser mais impactantes para as suas operações e as partes interessadas. Pretendemos que as empresas se auto-avaliem com essa norma, independentemente de haver ou não a busca pela certificação.

Você pode estar se perguntando: "Como isso é diferente de dezenas de outras normas que existem?" A resposta curta é que desta vez é diferente. Primeiro, esta é uma norma de empresa, como poucas que existem. É o primeiro padrão global de sustentabilidade, que é abrangente em seu alcance global, em aplicação e que necessita de auditoria por uma equipe treinada, credenciada por terceiros, incluindo gestão da qualidade e elaboração de relatórios, enfatizando o desempenho.

Por último, ela integra-se com dezenas de outros padrões de todo o mundo - uma sopa de letrinhas rica que inclui ASHRAE, Boma, CDP, GRI, ISO, IUCN, SPC, UNESCO e muitas outras. Haverá muito mais a dizer no lançamento formal do sistema, além de anunciar nossos principais parceiros, as empresas-piloto e muito mais. Por hora, queremos levantar o véu, a fim de lidar mais eficazmente e de forma colaborativa no trabalho árduo que temos pela frente.

Fonte: Joel Makower (Editor executivo da GreenBiz.com - Agenda Sustentável www.agendasustentavel.com.br)